Tenho dor e ela não passa

Por Daniel Teles

São frequentes os relatos que ouço sobre dores que já se tornaram de estimação ou da “família” como me disse uma vez uma paciente. Mas porque algumas pessoas desenvolvem dores assim tão difíceis de serem tratadas?

O numero de fatores que contribuem para que isso seja realidade são inúmeros, de questões biológicas (relacionadas à própria estrutura da pessoa), questões cognitivas (Interpretação sobre o que está acontecendo) e questões emocionais (ansiedade e estresse estão entre as mais relevantes).

Mas não é tão simples como pode parecer, todos nós ao sentir uma dor, fazemos interpretações em nosso sistema nervoso central sentimos de acordo com as nossas experiencias, expectativas e emoções.

Sim, a dor é “sentida” no sistema nervoso central, quando digo isso, significa que a dor é uma questão relativa e extremamente pessoal. Vou dar um exemplo simples para essa questão ficar mais clara. Imagine que você está andando descalço na grama e de repente pisa em uma pedrinha pontuda, que estava apontada para cima. Certamente você sentiria dor ou no mínimo um desconforto. Agora imagine que você está correndo na grama fugindo de um cachorro que está querendo te atacar e você pisa na mesma pedrinha. A sensação seria igual?

Certamente a pedrinha não iria te fazer parar de correr, isso acontece porque você registou que o perigo maior está em ser atacado por esse cachorro.

O que acontece com as pessoas com dor crônica é basicamente isso, por algum motivo o sistema nervoso central acha que todo estimulo é nocivo e ele interpreta como dor e o pior é que ele não desliga simplesmente por aparecer uma ameaça maior, ele basicamente soma a sensação de perigo.

Por isso pessoas com dores crônicas tem tanta dificuldade em terem suas dores aliviadas e por isso mesmo precisamos estar atentos a todas as dimensões da dor, seja ela física, cognitiva ou emocional.