De acordo com Rogério, o Sistema de Rastreabilidade faz com que a informação do processo produtivo chegue ao consumidor para que ele seja capaz de identificar as características importantes do produto final. Já as certificações buscam evidenciar a aplicação de boas práticas de produção, do aspecto social até o ambiental. “Neste contexto, a blockchain seria aplicada para garantir a autenticidade dos dados do produto e do Certificado de Qualidade, o qual atesta que a amostra está em conformidade com os padrões da Unidade Certificadora, apresentados pelo sistema de rastreabilidade de origem”.
Hoje, no sul da Bahia, fabricantes de chocolates finos fazem isso com o método conhecido como bean to bar, ou seja, do grão à barra, porém esse contato é todo humano. Como a implantação da tecnologia blockchain, esse processo facilitaria muito não só com cacau como todos os produtos que consumimos, alimentícios ou não. E para aqueles consumidores preocupados com o meio ambiente, seria muito mais fácil acompanhar todo o processo produtivo desde o começo.
O pesquisador afirma que por ser um consumidor bastante atento aos detalhes dos produtos, ele sempre levou em consideração fatores relacionados à confiança do que se apresenta nas embalagens e a sua real origem, no que diz respeito aos processos de fabricação adotados. Além disso, ele afirma que até o momento de sua pesquisa não existiam, no Brasil, outros projetos utilizando a blockchain em sistemas de rastreabilidade.
“Queremos disponibilizar a nossa tecnologia para Indicações Geográficas utilizarem, sem precisar dispor de muito dinheiro para a implementação do projeto”, disse o pesquisador, ao explicar que Indicações Geográficas constituem um mecanismo de proteção intelectual que reconhece a origem de um produto quanto à sua localidade e reputação atribuída às suas características regionais, assim como os fatores naturais e humanos.
Para Rogério, aplicar esse tipo de tecnologia possibilita identificar, da origem até o destino, caso haja um problema em algum insumo, diminuindo o impacto gerado, além de minimizar as chances de contradição entre as características descritas e reais de um determinado produto.
“Na maioria das vezes, os centros compradores estão distantes dos centros produtores, por isso disponibilizar e popularizar um meio para checagem de referências de forma prática e com maior confiabilidade é tão relevante. Ao agregar valor aos produtos, fortalecendo os processos de produção, é possível atribuir um preço que faz jus a uma boa remuneração para os produtores e que também corresponde aos ideais de sustentabilidade”, finalizou.