Por Walmir Rosário
Eu já tinha jurado que não tocaria mais nesse assunto que já fede de tão batido, mas terei que descumprir a jura, pedindo mil perdões aos meus anjos de guarda e os santos protetores, avisando que na próxima jura cumprirei à risca. Mas não poderia deixar de falar sobre mais esse castigo de Deus que está se abatendo pelo rico e gracioso bairro do Rio de Janeiro: a malária.
Há quem diga que o título de cidade maravilhosa – ainda dos tempos em que era Guanabara – foi perdido, escondido ou furtado pelos últimos e lépidos governadores do Estado. Daí esses castigos, vindos em forma de pragas eleitorais, que baixam sem qualquer cerimônia no período de dois em dois anos, com a devida permissão dos milhares de eleitores.
Não bastassem o Coronavírus importado da China e os mosquitos Aedes aegypti, que estão acamando e matando cariocas dos subúrbios e morros – que agora atendem pelo formoso nome de comunidade –, eis que aterrissa o mosquito prego, do gênero Anopheles. E chegaram “rodando a baiana”, com um exército de fêmeas picando cariocas sem a menor cerimônia. Pelo amor de Deus, não mexam com a minha amiga Camila!
Não leve muito a sério o que eu disse acima, pois foi apenas uma força de expressão, pois não sei a quantidade delas e se receberão reforço para atacar os cariocas do restante da orla marítima e dos bairros nos quais moram pessoas de classe média. Se chegarem em grandes quantidades, farão um estrago medonho nos subúrbios, caso não sejam atacados pelos vírus chineses, há mais tempo no pedaço.
Mas não pensem que os mosquitos pregos, por serem fêmeas, podem entrar no rol do sexo frágil, como erroneamente são chamadas as mulheres por alguns desavisados ou pelos porcos chauvinistas. Pelo que contam os nortistas, elas não dão trégua e são ranhetas, não escolhendo adversários para derrubar. Basta uma picada e o desinfeliz vai pra cama, chorando de febre e sezão.
Bem, digo isso pelos relatos que me chegam do norte, lá pras bandas da floresta amazônica, onde filho chora e mãe não ouve. No Rio de Janeiro o babado é mais embaixo e esse ataque não vai ficar barato para essas mosquitas metidas a besta. Ainda mais que foram picar logo uma das mais brilhantes estrelas da constelação global: a atriz Camila Pitanga, e ainda por cima, sua filhota.
Já antevejo que as “mosquitas” não deverão se dar bem nessa guerra, pois se já ganharam a primeira batalha, deverão sofrer ataques dos mais pesados por toda a grande e poderosa mídia. Quem já viu chegar assim de repente no Rio de Janeiro, sem pedir licença à Vênus Platinada? Pelos meus cálculos, devem ter entrado de gaiato(a) no navio. Entraram pelo cano!
Esta noite não poderei assistir ao Jornal Nacional – ao vivo – mas deixarei gravado para ver, de camarote, na manhã seguinte, os primeiros petardos atirados contra os mosquito(a)s prego. E como a melhor defesa é o ataque, esse exército de Anopheles deverá receber uma investida em massa, daquelas que os Estados Unidos prepararam na invasão do Iraque.
E não pensem os alienígenas que encontrarão terreno fértil no Rio de Janeiro, a exemplo do que estão acostumados nos estados do norte, no meio da floresta. No terreiro carioca o buraco é mais embaixo e um estoque com toneladas de Hidroxcloroquina já se encontra armazenada para ser distribuída aos grupos de risco, a partir do local do primeiro ataque, o badalado Leblon.
E os cariocas não deverão dar tréguas às portadoras do protozoário da malária, travando uma operação de guerrilha urbana, eliminando as burocracias para a imunização dos nossos queridos e amados artistas. Terá que ser uma guerra sem quartel, dia e noite, sem descanso, para eliminar esse mau mosquito. Até sugiro que nossos parlamentares façam um esforço concentrado para eliminar a burocracia de ter que informar às autoridades de saúde o acometimento da doença. Caiu, Hidrocloroquina nele!
Um vizinho meu, profundo conhecedor da região amazônica me confidenciou que esses mosquitos devem ter fugido do norte brasileiro com medo das constantes queimadas de nossas florestas, e seguiram os conselhos das amigas girafas e elefantes, que há muito se evadiram do local e foram adotadas por ricas famílias europeias. Ufa! A comunidade leblonense nunca passou por tanto perigo!