Inoperância política na catástrofe anunciada

Desde o Decreto Legislativo 06/2020, quando fora reconhecida, para os fins do art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do Estado de Calamidade Pública em face da Pandemia, nos termos da solicitação do Presidente da República, vivemos a face mais desumana de uma política inoperante e desqualificada.

E aqui não comporta analisar o contexto histórico das sucessões de erros e crimes políticos havidos no curso da vida republicana. A análise tem que ser feita agora, no presente, em que a sociedade clama por uma resposta urgente e firme daqueles que se dispuseram a representar os interesses dos cidadãos no cumprimento da administração pública.

Todavia, o que vimos foi uma aula de incompetência, incapacidade e inoperância política. Os algozes do povo mostraram a face do oportunismo canalha em atitudes excruciantes para saúde física e econômica de toda uma sociedade. Reflexo do total despreparo para o enfrentamento do problema.

E aqui, faço a análise restrita das nefastas consequências na minha querida e sofrida cidade de Itabuna, perpassando pela postura dolosamente omissa do Governo do Estado, pois, não é crível que se perca tanto tempo sem uma solução mínima para os problemas existentes.

A saúde é garantia de todos os cidadãos. É obrigatória a sua concessão pelo Estado, não se tratando de favor.

Entretanto, desde o dia em que se cobrou o sacrifício de cada um de nós na luta contra o Coronavírus, com isolamento horizontal determinado, o Estado e o Município NADA fizeram para minimizar os efeitos da catástrofe anunciada, ou seja, não fizeram a parte deles, como se estivessem cegamente num tiroteio sem saber o que fazer.

Mais de sessenta dias se passaram e o quadro só se agravou. Mais uma vez todas as promessas feitas pelo Governo do Estado não foram cumpridas. Mais uma vez Itabuna se viu alijada dos interesses do governo, este que NUNCA respeitou o cidadão itabunense, só aparecendo em época de campanha para colher votos dos ainda aficionados por ideologias revertidas para poucos.

Prometeu-se ampliações hospitalares, insumos, respiradores, UTIs, dentre outras, mas, só mandou o básico e de alcance mínimo. De outro turno, o executivo municipal, alicerçado pela omissão dolosa do legislativo, deu uma aula de como não se administrar em época de crise, nada fazendo para amparar os munícipes. E cadê o Ministério Público?

Ora, o dinheiro chegou pela esfera federal e por emendas parlamentares, em quantia capaz de resolver o problema da cidade SEM depender do Governo do Estado. O que foi feito nesses dois meses? Onde foi aplicada a verba? Cadê a ampliação dos leitos? Cadê as UTIs? Cadê os respiradores? Cadê os hospitais de campanha?

Triste realidade. Nada foi feito e, ainda, impuseram um isolamento absurdo ao cidadão, o fechamento do comércio em geral, sufocando a economia e destroçando vidas que estão sucumbindo pela fome e pelo terror psicológico. Buscam incessantemente colocar a culpa na sociedade que paga os impostos e espera a contrapartida, invertendo os valores e obrigações.

Itabuna se encontra órfã de líderes, na essência da palavra. Temos um legislativo que nada fez e nada faz para fiscalizar os atos do executivo, mormente a verba que chegou para o enfrentamento à COVID-19 e a sua destinação. Um silêncio que maltrata e faz a sociedade agonizar.

Por fim, atestando a total falta de capacidade resolutiva da administração, por induvidosa incompetência, partem para a “força do chicote” determinando um toque de recolher infrutífero e desumano. O cidadão não precisa dessa força desproporcional e descabida. O povo precisa que o Estado cumpra com o seu papel de ser honesto, tornando efetiva as suas obrigações.

Até quando suportaremos tudo isso? Até quando iremos nos submeter aos desmandos políticos? Até quando permitiremos que Itabuna continue sofrendo tanto?

Mais do que nunca, precisamos de um movimento eugenista na política local, não aquela horrenda, repugnante e atrelada ao holocausto, mas, no tocante ao aprimoramento, higidez e purificação de um segmento maculado pela corrupção, apadrinhamentos, desvios, superfaturamentos, desrespeitos, descasos e demais crimes que são praticados em detrimento dos cidadãos.

Acredito numa arma chamada voto. Que venham as eleições.

Rafle Salume.

Cidadão Itabunense.

Advogado.