Por Prof. Me. Lisdeili Nobre*
Já não sabemos mais onde o ódio transvertido de devaneios poderá chegar, mas algo é certo, o Brasil parou, estacionou em narrativas que já nos adaptamos ao seu script: de manhã o Presidente da República ou um de seus arraigados apoiadores dizem, ou fazem alguma atrocidade e a noite negam, contradizem, desmentem o que fizeram ou falaram, sob um manto de vitimização.
O propósito é único e simples, chocar, escandalizar para manter um público fiel, sejam os que se identificam com o desprezível ou que são contrários com toda esta loucura. O importante é a fidelidade, seja como for. É somente esta fidelidade que eles querem, ou melhor, engajamento, audiência. Para isto, vale tudo, vale até lançar granadas e tiros de fuzil.
Estamos vivendo isto há quatro anos e estamos cansados e enquanto isto, não há políticas públicas coerentes e com potencialidade e eficácia para mudar realidades na educação, saúde, meio ambiente, economia e segurança pública.
Viramos vítimas de narrativas, as quais persuadem milhões de seguidores que se identificam com uma luta camuflada de diversos de “moralismos”, mas inócua e que não favorece em nada o povo brasileiro.
Basta ver o que o atual tem Presidente tem como principal proposta de campanha nesta eleição, um benefício reformado de auxílio à assistência social, o que é voltado as pessoas desamparadas. Eu explico, porque é pouco.
Se a ênfase é o socorro apenas a desemparados e necessitados, equivale dizer que seu governo está sendo inapto em capacitar seu povo para uma independência financeira, ou seja, é um governo sem projetos sociais.
Enquanto chove granadas de ódio, neste instante estamos com milhares de crianças fora da escola, resultado de uma evasão escolar do período da pandemia, assim como estamos com milhares de pessoas na fila da regulação que não alcançarão o atendimento médico e infelizmente poderão morrer, assim como estamos diante de milhares de pessoas passando fome, porque perderam seus empregos na pandemia e não conseguem trabalho, nem mesmo na informalidade.
Estamos em uma guerra com direito a ofensas escabrosas, como a uma ministra do Supremo Tribunal Federal, chamando-a de “prostituta arrombada”, arremesso de granadas e tiros de fuzil contra policiais federais que saíram de sua casa para trabalhar. Em uma guerra que o Presidente da República notoriamente interfere na Polícia Federal para proteção de seus interesses pessoais e familiares.
Esta guerra não é para a construção de políticas públicas que irão mudar a face de sociedade carente de igualdade social. Não é mesmo, esta guerra de narrativas cruas, torpes, egoístas e sádicas, que banaliza o mal e a violência, contra mulheres, jornalistas e pretos, estão apenas procurando engajadores de redes sociais que alimentam uma ideologia cega com requintes fascistas.
Os alvejados desta guerra, são todos nós, brasileiras e brasileiros, nos tornando mais pobres a cada dia e distantes de uma sociedade livre, justa e solidária. Estas granadas de ignorância, imbecilidade não reduzem as desigualdades sociais e muito menos promovem o bem-estar de todos.
Estamos cansados e esperamos que na próxima segunda-feira o Brasil consiga reverter o curso de um governo frívolo, volúvel e impiedoso.
Esta guerra de granadas e balas de fuzil não pertence ao povo Brasileiro, pertence a apenas um homem, Jair Messias Bolsonaro.
*Delegada da Polícia Civil, mestra, doutoranda e professora.