Mais de R$ 1 milhão em licitações realizadas pela Prefeitura de Canavieiras estão sob suspeita de fraude, num esquema que envolve pessoas de uma mesma família ligada ao prefeito Clóvis Almeida (Dr. Almeida). As compras eram divididas em licitações de pequenos valores como forma de levantar suspeitas, conforme está explicita nos documentos.
Essa denúncia foi feita pelo blog Verdinho (https://www.verdinhoitabuna.blog.br/2020/09/denuncias-apontam-para-indicios-de.html), que esteve em Canavieiras para entrevistar as partes envolvidas. O esquema envolveria pequenas empresas e seus sócios, a exemplo de Railane Silva Alves, Orlando Fonseca dos Santos, Eliel da Silva Alves e Alexsandro da Silva Santana. Orlando é o marido de Railane, que é cunhada de Eliel. Já Alexsandro é funcionário de Railane, considerada o centro do esquema.
Também estão envolvidas as empresas Dama Tecidos e Malharia, de Eunápolis, cujas cotações nos certames licitatórios são assinadas por Francieli S. Alves, irmã de Railane. Os processos eram montados sem qualquer cuidado ou obediência à legislação, com documentos fraudados, e CNPJ falsos, o que indica que existia um forte esquema de fraudes nas licitações realizadas pela prefeitura de Canavieiras.
O que chamou a atenção dos participantes e demais pessoas interessadas nas licitações é que a empresa centro dos certames era uma pequena estofaria, que estampa o nome fantasia de Estofaria Canes. Só que o ramo de atividade destoava das vendas de produtos como creme para as mãos, drones, ventiladores, pranchas de surf, dentre outros. Na mesma licitação, as empresas da família de Orlando e Railane davam cobertura.
Outra empresa fora do ramo da família era Litoral Material de Construção (nome de fantasia), registrada como Gilson Silva Santos, habilitada no CNPJ para a venda de material de construção, material elétrico, móveis e execução de obras. Embora de ramo diverso, vendeu creme para as mãos e até ar-condicionado. Já a Igor Couto Oliveira M., indicou um número de CNPJ que não existe no cadastro da Receita Federal.
No rol das licitações suspeitas a consagrada vencedora dos certames é R. S. Alves, que também usa as denominações Railane Silva Alves e a Empresa R. S. Alves, em forma de revezamento. Os endereços também são fraudados e a empresa Alexsandro da Silva Santana apresenta ora o endereço rua 2 de Julho, 414, que é o mesmo endereço da R. S. Alves, que em algumas licitações troca o numeral 2 (arábico) por II (algarismo romano). O mesmo acontece com o logradouro: ora é rua 2 de Julho, ora é travessa 2 de Julho.
Como não bastasse a fraude documental, o esquema também tenta burlar legislação promovendo a fragmentação dos produtos licitados. A título de demonstração, no processo de compra de cavaletes de sinalização e fechamento de ruas, a peça foi dividida em cavalete e placa galvanizada. Com essa artimanha, a peça, que deveria custar R$ 240,00, teve o preço majorado para R$ 430,00. Um detalhe é que a proprietária de uma das empresas que teria participado, Maria Inês Alcântara, nega a atuação na licitação.
O que mais chama a atenção é que na Estofaria Canes (empresa R. S. Alves) não existe nenhum dos produtos licitados e uma empresa concorrente, a Estofaria São Paulo agiria como “laranja” na cobertura dos certames licitatórios. No momento em que a reportagem do blog Verdinho chegou a Canavieiras para apurar as denúncias todos os suspeitos sumiram da cidade.