Por Fernanda Oliveira
Poderia começar essa matéria passando apenas informações sobre os cargos que exerceu em vida, sobre a causa da morte, a idade, os grandes feitos realizados, mas como alguém que conviveu com esta figura ímpar, eu devo essa homenagem a ele.
Ary não era apenas esposo de Carmélia, pai de Katiana, Pery e Inaiá e nem apenas avô Nina, Aryzinho, Lara, Theo e Isa, sua família ia muito além. Ele tinha a família do Banco do Brasil, no qual atuou como gerente por muitos anos; a família da Maçonaria no qual foi Mestre Maçom, e por fim, sua extensão familiar favorita, o Centro Espírita Casa de Guará, onde fui acolhida e onde estreitei os laços, já que Ary e meu pai se conheciam pois foram colegas de banco, além dele me chamar de filha do coração.
No Guará, ele tomou para si a responsabilidade, e claro, com o apoio incondicional de Carmélia, de fazer deste centro espírita uma referência de organização, disciplina, acolhimento e trabalho, trabalho e mais trabalho, pois este era o lema da casa.
E após a ascensão da casa o próximo passo era o Recanto de Potira, núcleo de assistência às gestantes que moram na zona de Nova Ferradas e que a partir do 4º mês de gestação podem solicitar para participar do programa. Lá elas recebem feira mensal, acompanhamento para saber e orientar o pré-natal (exigência para entrar no programa, além de estar vacinada) e quando o bebê estava perto de estrear, recebe um enxoval completo feito por irmãs que bordavam as roupinha, mantas, fraldas de pano, tudo à mão, com banheira, absorventes, fraldas descartáveis. E já no cadastramento e depois na visita residencial, um dos requisitos para adentrar ao programa, toda sua família já cadastrada para que no dia de entrega do enxoval, receberem roupas e sapatos doados por trabalhadores e frequentadores da instituição. Um trabalho primoroso que se dissessem a ele o que iria fazer, seria difícil de acreditar que conseguiria.
A pergunta que fica a todos que trabalham nesse núcleo de amor é: E agora, como vamos fazer sem você para nos guiar?
E a resposta é simples, porém difícil. Um legado como esse não pode e nem deve parar. É muito amor envolvido e com certeza após enxugar as lágrimas a casa irá continuar como foi sempre ensinado. E sim, por incrível que pareça, apesar de saber da imortalidade da alma a gente também chora a partida de alguém amado, mas é um sentimento diferente, pois sabemos do reencontro.
O mais importante é que sabemos que Ary cumpriu com sua missão, irá rever aqueles que já partiram, e que em breve haverá o reencontro, só sei garantir de que lado, o de lá ou o de cá.
Foto: Fernanda Oliveira