Por Fernanda Oliveira*
Na última quinta-feira, 20, começou a Copa do Mundo Feminina de Futebol, com sede na Austrália e Nova Zelândia. É inquestionável o grande passo de se ter uma copa feminina, visto que essa foi uma grande vitória das mulheres, afinal, no Brasil, por exemplo, conforme decreto-lei 3.199 de 1941 elas eram proibidas de jogar e apesar da revogação em 1979, o futebol feminino só viria a ser devidamente regulamentado em 1983.
Agora te faço outra pergunta, o que falta para que os brasileiros abracem o time de futebol feminino? Por que não tem folga para que todos possam assistir os jogos? Por que não tem empresas fazendo promoções para levar torcedores para assistir a copa com tudo pago? Vou até descer o nível de “exigências”, por que não tem bandeirolas verde-amarela enfeitando a cidade ou o comércio repleto de camisas verde, amarela, azul e branco, enfeites, vuvuzelas? O que falta realmente para que nossas meninas sejam acolhidas de igual para igual com a seleção masculina?
E eu vou assumir minha “mea culpa” pois daí que veio a ideia desse artigo. No festival de chocolate em Ilhéus, passando pelos stands com as empresas de chocolates, em sua maioria, vi apenas uma com a camisa amarela e logo da empresa. Minha primeira reação foi: Oxe?! Por que eles estão com a camisa do Brasil? Estamos em copa? Foi aí que minha ficha caiu – galera de 1980 entenderão! – Caramba, estamos sim em plena Copa do Mundo de Futebol, só que do feminino?
Pois é meus caros e minha caras, principalmente, onde estão as promoções devido a copa? As empresas se vestindo de verde amarelo? Ainda estamos numa torcida muito tímida para quem vive no país do futebol. Vale lembrar que o presidente Lula decretou ponto facultativo nos dias de jogos do Brasil.
Para finalizar, presenciei uma conversa entre dois homens que talvez explique algumas coisas. Um tinha em torno de seus quarenta anos e o outro um pouco mais velho. Quando o mais novo disse: – esse negócio de mulher jogar futebol é um absurdo! Campeonato Brasileiro feminino? Mulher não é para ficar jogando, e a conversa foi piorando a ponto de não valer a pena continuar. Minha reação era de bater boca com o indivíduo, mas me segurei porque não ia dar coisa boa.
A reflexão que deixo com toda essa história é que o caminho a percorrer é longo, pois em pleno século XXI ainda tem gente com pensamento retrógrado, para não dizer coisa pior. Então, se você puder fazer a diferença para quebrar esse ciclo de preconceito, faça! Se vista nas cores do Brasil em dia de jogo, assista aos jogos, se puder. Faça camisas para os funcionários apoiando o time feminino e vamos pra frente que a torcida mesmo tímida, é grande!
*Advogada, Corretora de Imóveis e Administradora
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil