Projeto busca responder questões como o porquê de diferentes pacientes desenvolverem sintomas mais graves que outros e o nível de contágio do vírus
Um grupo composto por cinco pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) se uniu para analisar a propagação da Covid-19, através de estudos moleculares e sorológicos, na região Oeste da Bahia, com o objetivo de auxiliar nas tomadas de decisões para controle e tratamento da doença por parte do poder público. Para concluir o trabalho, os pesquisadores, que foram contemplados no edital da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), voltado para temas relacionados ao coronavírus, vão avaliar amostras de sangue e de fluidos respiratórios de profissionais de saúde e de pacientes com diferentes manifestações da doença.
À frente do projeto, o pesquisador Jonilson Lima explica que a primeira etapa consiste em quantificar as cargas virais nas amostras dos pacientes. “Através disso, iremos realizar correlações entre a carga viral e a produção de outras moléculas que serão analisadas nas outras etapas do projeto que envolve, também, avaliar carga viral em diferentes grupos de pacientes. Ao final deste estudo, pretendemos contribuir com informações sobre a situação clínica e possíveis parâmetros para tomada de decisão durante a epidemia de SARS-CoV2”, diz, relembrando que a ideia de criar o projeto surgiu em meio à emergência sanitária da pandemia da Covid-19. “Uma vez que iríamos prestar o serviço de testagem no laboratório de diagnostico molecular da Ufob, o Laive, resolvemos associar esse serviço à pesquisa, analisando amostras dos pacientes que fossem testados pelo nosso laboratório com o intuito de entender melhor a evolução da doença”.
Segundo Jonilson, o principal diferencial do trabalho é oferecer um serviço de testagem que, simultaneamente, auxilia no controle epidemiológico e isolamento de casos infectados de forma mais rápida. “Estamos realizando a pesquisa que pretende identificar biomarcadores e caracteres genéticos que podem explicar, por exemplo, o porquê de alguns indivíduos desenvolverem casos leves da doença, enquanto outros desenvolvem casos graves”, destaca. Antes do projeto ter início, as amostras coletadas eram enviadas para Salvador, onde entravam na fila do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), mas com a possibilidade de um laboratório com as características necessárias na região Oeste, foi possível ampliar a quantidade de testes e obter os resultados de forma mais rápida, o que, de acordo com a OMS, é um fator importante para o controle da disseminação viral.
Além disso, o critério de analisar o Oeste Baiano pode trazer um diferente panorama para estudos sobre a doença do que se fosse realizado na capital. “O projeto já possui alguns resultados preliminares e muitos dos pacientes testados concordaram em participar do estudo. No momento, possuímos um biorrepositório onde as amostras estão armazenadas e estamos selecionando as amostras em grupos experimentais, para que ao iniciarmos as análises, possamos identificar possíveis fatores genéticos que estejam relacionados com a gravidade da doença. O desenvolvimento desse projeto e a implantação deste laboratório deixarão um legado para a região, após a pandemia, que permitirá o diagnóstico de diversas doenças infecciosas e genéticas”, conclui. Além da Fapesb, o trabalho recebeu apoio da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) que financiou a implementação do laboratório, e do Lacen que certificou o equipamento.