Audiência expõe limitações e críticas no combate à Covid-19 em Itabuna

A urgência de ações frente à expansão dos casos de contaminados pelo novo coronavírus em Itabuna; o embate por recursos e o temor da sociedade diante de leitos limitados em hospitais. Tudo isso foi exposto em audiência virtual na tarde de terça-feira (12), promovida pela Comissão Permanente de Saúde e Assistência Social da Câmara. Diante dos vereadores, os convocados: o secretário municipal de Saúde, Uildson Nascimento; o presidente da FASI (Fundação de Atenção à Saúde de Itabuna), Roberto Gama Pacheco; o Superintendente de Saúde da Santa Casa de Misericórdia, Adalberto Bezerra. Além deles, conselheiros e sindicalistas.

Respondendo a requerimentos assinados pelo edil Júnior Brandão (Rede), o secretário deixou transparecer dificuldades e/ou limitações do município no combate à pandemia. O vereador havia indagado, por exemplo, se houve ou haverá contratação de pessoal para ação em leitos hospitalares, terapia intensiva ou atendimento de urgência/emergência. Segundo Uildson, acontecerão contratações (a partir de entrevista e análise curricular) devido ao afastamento de muitos profissionais por integrarem grupo de risco.

Para tanto, critérios como experiência, menores de 60 anos e não vinculação a outras unidades hospitalares, para evitar a contaminação cruzada da Covid-19. “A Secretaria de Saúde não possui leitos hospitalares e de terapia intensiva; apenas a rede complementar”, ressalvou, citando as entidades mantenedoras do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães e da Maternidade Ester Gomes, mais as unidades Manoel Novaes e Calixto Midlej Filho.

Quanto aos infectados, o município requisita administrativamente leitos de hotéis para isolamento e será garantido o auxílio de R$ 500,00 do governo estadual para cada família assistida. Quanto ao custeio dos referidos leitos, é buscado do estado um suporte de até 70 por cento dos valores.

 

Ainda sem respiradores

Do volume de R$ 8,9 milhões recebidos do Ministério da Saúde, explicou Nascimento, foram R$ 6 milhões para o Hospital de Base (para disponibilização de 53 leitos – 15 para UTI e 38 cllínicos -, que estarão sob responsabilidade do Ministério da Saúde via SESAB); aquisição de medicamentos, insumos, ampliação da usina de oxigênio, Equipamentos de Proteção Individual – EPIs); feitas intervenções físicas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), incluindo a construção de uma cabine de desinfecção. Porém, os leitos no local até então não foram ampliados de três para nove.

“Ainda não conseguimos os respiradores, mas existe no mercado a possibilidade de aluguel; faremos o processo de licitação”, acrescentou. Ele lembrou que restam aproximadamente R$ 1,1 milhão em caixa, mais R$ 82 mil complementados em seguida.

 

Disputa por emendas

Em nome da Santa Casa, Adalberto Bezerra mencionou as dificuldades enfrentadas pela entidade. “Até hoje não veio um real de dinheiro público, exceto o contrato com a SESAB, que ainda não recebemos”, afirmou, defendendo que a entidade tenha, sim, acesso a valores repassados pelo governo federal.

Ele reclama o direito a emendas parlamentares enviadas por deputados como Cacá Leão (PP), Adolfo Viana (PSDB) e Uldurico Pinto (PROS). O Executivo, porém, sustenta que o valor destinado por este último parlamentar não seria exclusivo para a Santa Casa. Todavia, adiantou que a entidade receberá R$ 155 mil nos próximos dias. “Apesar de sermos filantrópicos, temos contas a pagar, como todos os outros”, destacou Bezerra.

 

Interrogações do controle social

A presidente do Conselho Municipal de Saúde e Assistência Social, Suse Mayre Moreira, relatou sobre denúncias trazidas ao órgão de controle social. Entre elas, o número de ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) designadas para atender a pacientes com doenças diferentes da Covid-19 e novamente perguntou sobre possibilidade de cabines de desinfecção em abrigos.

Já a presidente do SindiAcs/ACE (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Endemias), Zilar Portela, manifestou preocupação com a segurança dos profissionais que estarão nas barreiras sanitárias montadas no município.

Após as explanações, o vereador Enderson Guinho (Cidadania), presidente da Comissão de Saúde, se disse insatisfeito com as informações recebidas na audiência. Ele considera que, até aqui, não houve avanços concretos no plano do município para enfrentamento à doença. O mesmo tom foi externado nas falas de Charliane Sousa (MDB), Jairo Araújo (PCdoB), Babá Cearense (PSL) e Júnior Brandão (Rede).