Um dos grandes avanços da ciência na luta contra o câncer é a imunoterapia, que tem revolucionado o tratamento dos tumores de pulmão e proporcionado mais qualidade de vida aos pacientes. A imunoterapia ativa o sistema imunológico através de uma combinação de medicamentos biológicos. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se disfarçar para o sistema imunológico e então se aproveitar para crescer, a imunoterapia busca reativar a resposta imunológica contra este agente agressor. “As medicações imunoterápicas provocam um aumento da resposta imune, estimulando a atuação dos linfócitos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um corpo estranho”, explica Clarissa Mathias.
Em 2018, os imunologistas James Patrick Allison (EUA) e Tasuku Honjoa (Japão) foram laureados com o Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas sobre o papel do sistema imunológico na luta contra o câncer. Os dois desenvolveram, separadamente, estratégias para que as células imunes ataquem os tumores. Essas pesquisas são consideradas um marco na luta contra a doença. Desde então, a imunoterapia tem avançado no tratamento de pacientes com câncer de pulmão, inclusive aqueles que apresentam metástases, por seu potencial de ação em tumores mais complexos, com um acúmulo de mutações genômicas alto. Dados da Associação Americana de Pesquisa do Câncer, mostraram a imunoterapia como a responsável por maior qualidade de vida e probabilidade de sobrevivência, modificando de forma imediata as práticas médicas no tratamento de algumas formas da doença.
Além da indicação para alguns tumores de pulmão, os imunoterápicos podem ser adotados para tratar cânceres de bexiga, rins, cabeça e pescoço, melanoma, leucemia e linfoma de Hodgkin.
Arsenal contra o câncer
O tratamento do câncer de pulmão conta com um arsenal de terapias cada dia mais avançadas e se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. “As cirurgias para retiradas dos tumores torácicos também têm tido avanços enormes e com as técnicas minimamente invasivas já é possível a retirada do tumor com cada vez menos tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades”, esclarece a oncologista.
Clarissa Mathias explica que, muitas vezes, a quimioterapia é indicada após a cirurgia para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Em alguns casos, a terapia-alvo também é indicada após a cirurgia. Essa terapia, que também representa um grande avanço na oncologia, usa drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, preservando as células saudáveis.
A combinação de tratamento sistêmico e radioterapia também pode ser administrada no início do tratamento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor.
A imunoterapia é uma aliada importante e eficaz no tratamento do câncer de pulmão, podendo ser combinada ou não a outras alternativas terapêuticas.
Sinais de alerta
A maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como:
– Tosse;
– Falta de ar
– Escarro com sangue;
– Dor no peito.
Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. A recomendação é que caso a pessoa apresente um dos sintomas, procure imediatamente um médico