“As atividades extrativistas, são de forma natural. Para fins de subsistência de humanos e animais, os recursos extraídos são de interesse mundial”. Esse trecho do poema “Vivendo com Sustentabilidade”, da agricultora e poeta Ednalva Dias, uma das 29 poetas e um coletivo de mulheres também poetas do semiárido baiano, integra o projeto antologia LiterÁridas.
“O LiterÁridas nasceu a partir do desejo de afirmação dos nossos espaços na literatura, mais especificamente, na poesia como uma forma de confrontar os espaços hegemônicos socialmente estabelecidos”, afirma a professora e poeta Pók Ribeiro, uma das organizadoras da antologia. O projeto prevê a criação de podcasts com os poemas recitados pelas próprias autoras e a publicação do e-book LiterÁridas, disponibilizados gratuitamente a partir de março e abril.
Além das ações virtuais, o LiterÁridas prevê a impressão de 400 exemplares da antologia que serão distribuídos entre as autoras, instituições públicas de ensino e associações de mulheres, sobretudo nos 14 municípios das autoras participantes: Andaraí, Canudos, Cícero Dantas, Conceição do Coité, Curaçá, Euclides da Cunha, Jacobina, Jaguarari, Jequié, Juazeiro, Monte Santo, Remanso, Quijingue e Uauá.
Fazem parte também da organização e produção do projeto, a atriz e poeta Ádila Madança e Vitória Luísa SertãoSol, agrocaatingueira, artesã e poeta. SertãoSol, lembra que LiterÁridas é um meio de autoafirmação das mulheres do semiárido.
“Na verdade, o projeto é um processo inicial de ocupação dos espaços literários e sociais, de amplificação das vozes das mulheres poetas e escritoras do semiárido que são invisibilizadas e silenciadas tanto pelo poder patriarcal, como pelas questões espaciais que anulam os diversos interiores”, atesta a agrocaatingueira.
Para Adília Mendonça, proponente do projeto, a escrita por si só já reflete o empoderamento dessas mulheres. “O LiterÁridas vai além. É também uma construção de afirmação, identitária e geográfica”, destaca Madança.
O projeto tem apoio financeiro do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Pedro Calmon, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.