Pesquisa científica dá continuidade à estudo que teve origem nos EUA
“Não há estudo brasileiro com base científica que aponte a eficácia da Lima no processo de desinfecção da água relacionada a substâncias nocivas ao ser humano”. É desta forma que a estudante Tainá Larissa, do Colégio Estadual João Vilas Boas, localizado no município de Livramento de Nossa Senhora, justifica a importância de sua pesquisa científica, que investiga formas alternativas de purificação de água, a exemplo do cloro, prejudicial à saúde, pois possui em sua composição sub clorados cancerígenos. A solução encontrada está na fruta Lima-da-Pérsia, que, segundo Tainá, tem potencial desinfetante.
“Nosso projeto utilizou o método SODIS, ou seja, desinfecção da água por exposição solar. Nos baseamos em um estudo da Universidade Johns Hopkins School, nos EUA, a fim de democratizar esse recurso em boa qualidade, visto que a água é um elemento fundamental para nossa sobrevivência”, disse a estudante ao reafirmar sua inspiração para o trabalho. “A ideia surgiu em uma aula de química em que discutíamos os malefícios e benefícios do cloro quando utilizado na água e questionamos a possibilidade de existir outro método, ainda não divulgado, de preferência natural, que pudesse fazer essa desinfecção sem causar danos na saúde”.
De acordo com Tainá, a maioria dos estudos relacionados à desinfecção da água possui meios caros ou de difícil manuseio, como a utilização do ozônio e de lâmpadas ultravioletas. “Um exemplo disso foi a dificuldade que tivemos em conseguir orientação para saber se a proposta da Lima seria, de fato, eficaz”, destacou a estudante. “Ao aprimorar e popularizar a proposta da Johns Hopkins School, conseguimos mostrar que todos podem ter acesso a uma água em boa qualidade, sem recorrer a meios complexos. No nosso caso, utilizamos somente a Lima, aliada a essa fonte de energia que temos em abundância, especialmente na região Nordeste, que é o sol”.
Conforme a estudante, há grande satisfação em poder provar que meninas do interior como ela, de apenas 17 anos, são capazes de desenvolver ciência e que seu sonho é representar o Brasil em uma Feira de Ciências em Dubai com um projeto de alto nível. “Conseguimos atingir o primeiro objetivo do nosso projeto que é a comprovação da eficácia da Lima na desinfecção, mas queremos, ainda, fazer mais testes para entendermos melhor esse processo e aprimorarmos essa proposta. Estamos, agora, em busca de laboratórios que realizam análises de água, ou parcerias, para conseguirmos recursos financeiros e dar seguimento a este estudo”, completou.
O projeto conta também com os fatores econômico e sustentável, pois utiliza, ao longo do processo, o sol e uma fruta de baixo custo, que também pode ser cultivada. Além disso, a desinfecção utiliza garrafas de vidro ou PET, promovendo um destino diferente do descarte na natureza, contribuindo para a reciclagem, visto que o plástico demora anos para se decompor. Recentemente, Tainá viajou ao Recife, capital de Pernambuco, para expor seu trabalho em uma feira de ciências. “Isso só foi possível graças ao apoio do laboratório Nutrisegura em Vitória da Conquista, que nos acolheu para fazer as análises sem custo algum, além de outros parceiros que nos ajudaram a arcar com as despesas da viagem”, finalizou.