No Dia Mundial do Diabetes (14), especialistas alertam sobre a importância de atuar contra o excesso de peso, um dos principais fatores causadores da doença
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que o percentual da população brasileira com mais de 20 anos considerada obesa mais que dobrou entre 2003 e 2019.
O número assusta quando pensamos nos perigos decorrentes do excesso de peso. Considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença crônica, a obesidade está entre os principais fatores de risco para diversas doenças cardiovasculares, diferentes tipos de cânceres e diabetes, além estar associado à redução da expectativa de vida.
Dr. Ivan Sandoval, cirurgião geral e responsável pelo Centro de Tratamento da Obesidade do Hospital São Camilo de São Paulo, explica que a obesidade é uma doença do metabolismo que acarreta muita facilidade em ganhar peso. “Bons hábitos, estilo de vida saudável, em alguns casos não são suficientes para resolver a questão, porém são parte fundamental em qualquer tratamento de obesidade”.
Ele ressalta que a doença é multifatorial e, por isso, seu tratamento deve ser conduzido por uma equipe formada por vários especialistas. “Embora o mercado esteja cheio de promessas de soluções rápidas, essas medidas são ilusórias e não trazem resultados positivos”, alerta.
Para o médico, um dos principais riscos de apostar em produtos ou tratamentos isolados é a ineficácia em médio e longo prazo, que pode causar complicações ainda maiores à saúde física e mental.
“Uma pessoa obesa pode até conseguir emagrecer rapidamente dessa forma. No entanto, não há garantias de que a perda de peso ocorreu de maneira saudável, nem mesmo de que o resultado será mantido. Na grande maioria das vezes, a pessoa volta a ganhar peso pouco tempo depois”, destaca.
Assim aconteceu com a paciente Karla Cristina Singi Morales, 44, que conta ter tido problemas com a balança desde criança. “Eu tentei de tudo, tomei remédios, fiz várias dietas e até tentei mudar minha alimentação, mas sempre voltava a engordar e ficava cada vez mais frustrada”, lembra.
Segundo o especialista, o paciente que está com excesso de peso necessita de acompanhamento multidisciplinar e tratamento contínuo, assim como qualquer outra doença crônica. “Não devemos culpar ou discriminar o paciente, mas sim incentivá-lo a participar de todo esse processo, incluindo essas mudanças na rotina do dia a dia. Caso isso não seja feito, haverá grande chance de ganho ou reganho de peso.”
Karla chegou ao Centro de Tratamento da Obesidade do São Camilo com 99 kg, excesso de peso que estava prejudicando sua saúde, associada a um histórico de doenças cardíacas. “Além da saúde física, eu estava deprimida, já não tinha vontade de me arrumar e de me olhar no espelho.”
Por isso, além de levar em conta a história do paciente para identificação das causas do problema, um programa eficaz de tratamento da obesidade envolve abordagem nutricional e psicológica durante todo o processo, podendo estar associado a outras medidas, como uso de medicamentos, intervenções com balão intragástrico, gastroplastia endoscópica ou cirurgia bariátrica.
“Cada uma destas intervenções possui riscos e benefícios, que devem ser avaliados caso a caso em conjunto por profissionais de diferentes áreas”, explica o médico, reforçando a importância de contar com um centro integrado de tratamento para que o paciente receba o suporte que necessita para um emagrecimento saudável.
Karla, que realizou uma cirurgia bariátrica, segue fazendo o acompanhamento no Hospital São Camilo para a manutenção do novo estilo de vida. “O suporte da equipe integrada está fazendo toda a diferença para mim. Hoje estou com 64 kg, sou muito mais saudável e muito mais feliz”, comemora.