Pesquisadores na Bahia desenvolvem protótipo que avalia condições neuropsicológicas

Projeto veio para, através da tecnologia, facilitar testes que costumam ser feitos à caneta e papel

Por meio de um projeto de pesquisa que surgiu nos laboratórios da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), no sul da Bahia, um grupo de pesquisadores baianos está desenvolvendo uma bateria neuropsicológica, capaz de fazer análises de condições cerebrais e psiquiátricas, que pode ser utilizada por instituições de ensino e pesquisa, escolas e universidades, empresas, além de clínicas e hospitais para melhor entender funções como memória, atenção e inteligência. De acordo com Paulo Barbosa, que é professor da Uesc, e está à frente do trabalho, esses atributos são fundamentais para uma boa performance profissional e acadêmica do ser humano e podem fazer a diferença em diagnósticos, prognósticos, tratamentos de condições neurológicas e até problemas de aprendizagem.
Paulo afirma que há uma grande relevância em ter adaptado um processo que é comumente feito por um profissional, através de um papel e uma caneta, para ser feito digitalmente. “Uma bateria computadorizada e online de avaliação neuropsicológica representaria uma inovação com potencial disruptivo, devido ao menor custo de administração dos testes, permitindo a avaliação de mais de um indivíduo ao mesmo tempo, além de reduzir erros humanos no registro das respostas”, explicou ao ressaltar que no Brasil há pouca agregação de tecnologia neste procedimento, o que resulta em custos elevados e erros humanos no registro das respostas dos testandos.
O projeto nasceu na Universidade, através do Grupo de Pesquisa em Neuropsicologia Computacional, que possui foco em disponibilizar avaliações neuropsicológicas computadorizadas sensíveis a aspectos positivos e negativos do funcionamento cognitivo e às diferenças culturais das diversas regiões do país. O produto, que possui suporte de uma equipe multidisciplinar, com profissionais de TI, Psicologia e Antropologia, atenderá o mercado nas áreas de Saúde, Educação e RH. Segundo Paulo, a automação e a informatização de testes neuropsicológicos representam uma série de vantagens sobre os tradicionais, como redução do tempo de aplicação, maior precisão na marcação de erros e acertos e do tempo de resposta.
“Em nossas pesquisas sobre a relevância deste produto, encontramos poucos grupos que trabalham nesta linha aqui no Brasil, mas existem outras que provêm do exterior e, por isso, potencialmente insensíveis a aspectos da realidade sociocultural brasileira. Já o nosso produto está sendo elaborado em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz, envolvendo profissionais pesquisadores que criarão uma bateria de testes neuropsicológicos completa e mais sensível às peculiaridades socioculturais do país”, completou o professor. O protótipo está em fase de experimentação, pois, conforme Paulo, precisa estar 100% quanto à sua sensibilidade e efetividade para começar a atuar em pleno funcionamento. “A equipe se encontra em trabalho remoto e não paramos desde o início do projeto. Estimamos que no período de 1 ano teremos uma bateria adequada para a normatização. Após este período, precisaremos de mais 6 meses para o processo de entrada no mercado”, finalizou.