Por Walmir Rosário
Com a terrível e apavorante pandemia do Coronavírus não teve um filho de Deus neste mundão que não mudou seu comportamento, não importa se pra melhor ou pior, o certo é que as circunstâncias decidiram quais e pra onde. Na maioria dos casos que analisei, o consumo de bebidas e comidas foi lá pra cima e muita gente boa não quer passar perto de uma balança. Nem morto, como diziam antigamente.
Ah, parece até que foi combinado nessas lives, que entraram de vez da vida do povo e estão dando o que falar. Estão fazendo live para acertar a data e horário da promover uma live sobre determinado assunto. Das que cheguei a ver, tinha político falando de política e até votando matérias no congresso, numa espécie da “gazeta”, falta institucionalizada, enquanto outras falavam de economia e a maioria de vinhos e comidas.
Pouquíssimas de educação física, e mesmo assim meu filho explicando conceitos e vantagens da prática do kettlebell, instrumento criado há mais de mil anos e que está virando febre no Brasil e no mundo. Se todos prestavam atenção às aulas teóricas, as práticas não se fizeram presente na telinha do meu computador. Ficar em forma, malhar, suar nas esteiras, levantar peso, pedalar bicicleta sem sair do lugar, nada.
E as desculpas eram as mais variadas, a começar pela proibição de funcionamento das academias de ginásticas. Pelo que soube – apenas por ouvir dizer –, descobriram que o Coronavírus tinham predileção pela forma física e, para precaver, as autoridades vedaram o ingresso dos atletas e candidatos a Hércules para evitar uma contenda qualquer. Nunca se sabe o que poderia acontecer numa luta entre uma pessoa e um vírus desconhecido.
Em moda há, pelo menos, uma década, as academias ao ar livre também foram desprezadas. Intocadas, permaneceram nas praças, rejeitadas pelos atletas de rua, que nem mesmo lembravam da necessidade de fazer um alongamento antes da corrida ou caminhada. Pelo que percebi, em vez da população, quem permaneceu de quarentena foram os aparelhos de musculação.
E eu, que sou um atleta bissexto, me incluo nesse time da inatividade física durante esse período, mas prometo voltar aos exercícios de kettlebell, às caminhadas matutinas pela praia da Costa e centro da cidade. Vontade não falta, mas o incômodo da máscara que me faz inalar gás carbônico é terrível e tenho pena de submeter meus queridos pulmões a esse terrível sacrifício. Um dia retomarei com gosto de gás (simples expressão).
E prometo que vai ser pra já, pois me inspirei na força de vontade do octogenário prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, depois que o vi numa academia ao ar livre subindo e descendo num exercício de barra fixa, sob os aplausos de outros malhadores presentes. É certo que a demonstração de Fernando Gomes não foi das melhores, mas ao que parece foi uma espécie de liberação tácita dos exercícios físicos em Itabuna.
Aos 81 anos, vai precisar de muita malhação para subir e descer ladeiras pedindo votos, prática bastante comum entre todos os candidatos, se bem que agora substituída pelas lives, redes sociais e outras modernidades eletrônicas. Mas tenho certeza de que os candidatos precisarão se exercitar, para queimar as calorias dos pratos de sustança que haverão de comer nas casas dos considerados.
Quanto aos outros candidatos, ainda não vi nenhuma demonstração de preparo físico, pelo menos nas redes sociais. Quem sabe, recomendação dos marqueteiros para não entregar o “ouro ao bandido” e conseguir entrar pelo bairro de Fátima e sair no Califórnia de um fôlego só. Um bom treino é entrar pela rua da Floresta, no São Caetano, passar pela Baixa Fria, subir o Morro do Urubu, descer o Daniel Gomes e descambar pelo Zizo.
Aí, sim, sei que ficou pronto durante a pandemia, fazendo os exercícios na surdina, dentro de casa, para não despertar suspeitas aos olheiros dos adversários políticos, ávidos para mostrar o serviço de espionagem ao seu candidato. Vou pedir a um amigo meu, conhecedor dessas arapongagens, para pendurar umas câmeras de vídeos em locais próximos às academias ao ar livre para tentar flagrar os políticos em exercícios.
Pelo que observei atentamente, essas lives de educação física não são bons cabos eleitorais, do contrário o que teria de candidato se esforçando para conquistar o eleitor não estaria nos gibis. Pelo sim, pelo não, recomendo aos candidatos dispostos a ganhar fôlego que procurem uma boa academia e se exercitem com as recomendações e acompanhamento de um profissional de educação física.
Do alto dos seus 81 anos, e com toda a experiência adquirida em todos esses anos, acredito que Fernando Gomes tenha adotado uma tática para “derrubar” seus adversários, se mostrando em pleno vigor aos seus eleitores. Por outro lado, caso os adversários “comam a isca”, nunca mais ele aparecerá em frente a uma academia ao ar livre e praticará as caminhadas no sobe e desce das ladeiras itabunenses.
Como dizia o saudoso técnico de futebol Sotero Monteiro, pelo arriar das malas é que se conhece o jogador.