A arte e o artista existem desde o início da humanidade. A arte rupestre ou pré-histórica retrata a mais antiga representação artística da história do homem. Os mais antigos indícios dessa arte são datados no período Paleolítico Superior (40.000 a.C.), que consistiam em pinturas e desenhos gravados em paredes e tetos das cavernas. Está na natureza humana transformar tudo em arte.
Em Ibicaraí o artista plástico Otávio Martins sentiu a necessidade de expor seu trabalho para o mundo da forma mais democrática possível. Uma forma rupestre em pleno século 21. O artista diz que a ideia de disponibilizar arte para todos nasceu com a necessidade de dar vida para os inúmeros postes e muros que vivem abandonados pela cidade.
Segundo Otávio, esse traço com essa concepção vem sendo desenvolvida por ele há algum tempo e ele tem aplicado a sua técnica em camisas. A ideia de colocar arte nos postes da Praça Otaviano Batista e em um muro ao lado, partiu do prefeito Lula Brandão, que viu o trabalho na rua que ele mora e fez a proposta. A prefeitura ajudou com o material e o artista doou o seu tempo, talento e sua arte.
“Tive a iniciativa de pintar os postes da rua onde moro e arredores do ateliê e com a reforma da praça da quadra, o prefeito me convidou para pintar os postes da nova praça. De imediato aceitei, em virtude da praça se chamar ‘Otaviano Batista’, em homenagem ao meu avô”. O proprietário da panificadora Santa Rita (Yuri), viu o meu trabalho e concedeu o muro ao lado do seu estabelecimento para que eu pudesse expressar e contextualizar melhor a proposta do meu trabalho. É importante ressaltar o feedback positivo, vibrante e entusiasmado da comunidade sobre esta ação. Isso é o mais gratificante para o artista e mostra o quanto a arte vivifica a alma humana! Espero poder expandir e levar essa nova proposta para outros municípios, pois a arte precisa ser propagada”, disse Otávio.
Quem é Otávio Martins
Nascido em uma família de artistas e artesãos, Otávio teve influência mais direta de sua mãe Gisélia Oliveira (in memoriam), professora de artes e desenho geométrico, bordadeira, decoradora de igreja e dona de inúmeros talentos. Ainda criança, Otávio adorava mexer nas tintas espalhadas pela casa, gostava de burilar as letras da caligrafia aprendida na escola e tinha seus trabalhos emoldurados com o incentivo da mãe.
O apoio afetivo e o clima familiar resultaram na certeza de seguir a carreira artística. Otávio chegou a cursar Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas ali se sentiu preso aos ditames da academia. Queria mais liberdade para criar. Atualmente estuda no Bacharelado Interdisciplinar em Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), onde tem acesso a um universo diferente nas artes, mais interdisciplinar e humanista.
Apesar de vários momentos de indecisão e crise existencial, a arte sempre falou mais alto. Otávio hoje expressa em seu trabalho os detalhes desta autêntica mandala de influências: a criatividade da herança familiar, o apreço pela materialidade plástica, o gosto pela cultura pop e urbana, a conexão com o universo anímico proporcionado por sua entrada na Doutrina Espírita.
Seu ateliê, que já foi o agitado Barteliê, em 2011, virou o “work-in-progress” da sua vida. Foi um momento de explosão criativa. As paredes pintadas e a criação constante revelam uma relação em que arte vida se tornam a face de uma mesma empreitada, se misturam em uma relação de fundamental relevância para o artista contemporâneo.
O impacto dos grandes espaços permeados por suas imagens revela o caráter plástico inovador para o qual caminha seu trabalho e revelam, sobretudo, a benevolência criativa de Otávio e sua constante abertura e curiosidade para o universo da arte, bem como suas influências musicais, como Jorge Ben Jor, Manu Chao, Bob Marley e Ultraje a Rigor.
Por Arnold Coelho