Aprendendo com as maritacas. A revoada dos pássaros sem abrigo, na Soares Lopes, traz algumas lições importantes para a Ilhéus de hoje. A primeira coisa que as pequenas aves nos ensinam é que não se pode calar diante dos abusos, absurdos e crimes contra a cidade. O chalrear barulhento dos bichinhos agitados é, acima de tudo, um grito de alerta contra a arbitrariedade e um chamamento à mobilização em defesa das questões ambientais. Os gritinhos agudos no ar formam uma única palavra de ordem: “Basta! Chega de destruição!”
Outro ensinamento é sobre a importância da ação coletiva . As maritacas atuam em bandos. Suas vozes se multiplicam e ecoam mais alto porque são muitas, engajadas no mesmo movimento de denúncia, protesto e luta por um lugar melhor. Suas acrobacias aéreas impressionam porque conseguem fazer manobras rápidas e radicais com grande número de indivíduos na mesma formação. As maritacas são unidas e organizadas em seus movimentos de resistência e busca de alternativas.
E, o que é mais relevante, em nenhum momento abdicam da liberdade dos céus. Não se escondem, não fogem para as matas (cada vez mais distantes) e não abrem mão dos espaços que escolheram para desfrutar seu voo livre.
Fiquemos atentos, as maritacas têm muito para ensinar à nossa gente. Asas abertas, vamos nessa revoada do bem.
Por Ramayana Vargens
Parabéns Ramayana pelo texto e pela luta. Parabéns a todo mundo envolvido nesse processo. Só a luta e a união podem fazer diferença!