O Agora na Rede entrevistou a ginecologista e obstetra, Drª Cristianne Carvalho, para explicar as nossas leitoras como se deve proceder ao descobrir um mioma. Essa descoberta só é possível com exames ginecológicos de rotina, se possível, anualmente, para que tenham um acompanhamento regular da saúde. E isso serve para várias doenças, inclusive o mioma.
Ela explicou que os miomas são tumores benignos extremamente comuns, não há uma causa definida, mas sabemos que é mais comum em mulheres negras, que nunca engravidaram, que menstruaram precocemente (antes dos 11 anos), em pacientes que estão acima do peso e com história familiar de miomatose uterina.
A maioria das pacientes que desenvolvem os miomas não apresentam sintomas (assintomáticas) – estes tumores são descobertos em exames de rotina. Quando são sintomáticos, dependem da localização e número dos tumores, e ainda podem variar de acordo com a fase de vida das pacientes (fase reprodutiva ou menopausa).
Em relação aos sintomas a médica explicou que os mais comuns são sangramento vaginal aumentado e/ou prolongado, que podem resultar em anemia nas mulheres portadoras. Quando os tumores são volumosos, podem causar sintomas por compressão de outros órgãos, aumentando a frequência urinária, sensação de peso na região pélvica, aumento do volume abdominal. Ainda podem causar: dor pélvica, infertilidade e abortos de repetição.
Ela também chamou a atenção de que os miomas raramente podem evoluir para câncer, mas devem ser acompanhados (pelo menos) anualmente, pois quando apresentam crescimento repentino, o diagnóstico de tumor maligno (leiomiossarcomas) deve ser pensado. O diagnóstico é feito com base na história clínica e pelos exames de imagem (ultrassonografia pélvica ou endovaginal, e nos casos inconclusivos até ressonância magnética).
Além disso, o fato de aparecerem durante a fase reprodutiva da mulher, aumentarem durante a gestação e regredirem após a menopausa nos faz pensar em sua dependência a produção dos hormônios ovarianos. O estímulo de estrogênio e progesterona (hormônios femininos) estimula o desenvolvimento dos tumores. A alimentação não interfere diretamente na progressão ou aparecimento da doença, mas se são mais comuns em mulheres acima do peso, deve ser considerado a orientação da manutenção do peso corporal através de uma dieta saudável, que obviamente para várias outras finalidades além dessa.
O tratamento do mioma depende dos sintomas associados. Mulheres assintomáticas não necessitam de tratamento, apenas acompanhamento clínico através dos seus exames da rotina ginecológica. Os sintomas da paciente, o desejo de preservar o útero e a fertilidade, a proximidade da menopausa, a localização, volume e números dos miomas orientam o tipo de tratamento adotado, que pode ser clínico (medicamentos) ou cirúrgico (por vídeo- cirurgias, retirada do útero, ou somente dos tumores). A embolização da artéria uterina surge como opção recente de tratamento dos miomas sintomáticos, diminuindo o sangramento e o volume do tumor.
Para concluir, Drª Cristianne reforça que toda mulher em idade reprodutiva ou não deve estar atenta a realização dos seus exames de rotina ginecológica. Esta simples atitude colabora com o diagnóstico precoce de muitas doenças com tratamento definido e eficaz, como o câncer de colo uterino, câncer de mama, infecções sexualmente transmissíveis, tumores ovarianos, miomas, fazendo assim, a prevenção de complicações graves, evitando a morte dessas pacientes. Os exames preventivos de rotina salvam vidas!