A Polícia Civil pediu a prisão preventiva do suspeito da morte do indígena da etnia Pataxó Vitor Braz de Souza, 22 anos, assassinado a tiros, na segunda-feira (14), na localidade de Ponta Grande, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. O nome do suspeito não foi divulgado.
Além disso, um homem que estaria na companhia do atirador foi conduzido para a delegacia nesta terça (15), onde prestou depoimento.
Na segunda, a polícia já havia informado que o autor dos disparos já tinha sido identificado e que o pedido de prisão seria feito. Na ocasião, o delegado Wendel Ferreira, responsável pelas investigações, afirmou que, pelo menos, cinco testemunhas haviam sido ouvidas.
“Já temos o nome do suspeito e estamos fazendo diligencia. Vamos esperar para qualificar ele direito e pedir a prisão”, disse o delegado na segunda.
Nesta terça-feira (15), indígenas fecharam a BR-367 em um novo protesto onde pediram justiça pela morte de Vitor. Após o velório do jovem, na segunda-feira, amigos e familiares do indígena realizaram uma caminhada de protesto com a mesma reivindicação.
A vítima era uma das jovens lideranças da região, foi morta após reclamar do som alto durante a realização de uma festa, que acontecia nas proximidades da praia da Ponta Grossa.
De acordo com os pataxós, a área onde acontecia o evento é um território indígena ainda não homologado.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito teria efetuado os tiros após Vitor reclamar do volume de um som. Após ser baleado, Vitor chegou a ser encaminhado para o Hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
O jovem era atuante no movimento Indígena, e participava de diversas mobilizações. Segundo outras lideranças pataxós, o filho de Vitor nasceu há pouco mais de 30 dias. O jovem era neto do primeiro cacique da aldeia Novos Guerreiros, e neto da pajé Japira.
A festa que resultou na morte de Vitor foi chamada de Sigilo Fest. No entanto, um dos produtores do evento, Bell Cast, se manifestou nas redes sociais sobre o ocorrido e lamentou a morte de Vitor. Segundo o promotor da festa, o crime não ocorreu dentro da área do evento, ainda assim, ele se colocou à disposição para ajudar na resolução do crime e reforçou o pedido por justiça.
“Aconteceu uma coisa bem triste no evento e quero deixar bem claro que eu e o pessoal que fizemos a festa lá estamos à disposição para descobrir quem foi que fez. O pessoal da casa não esclareceu que ali era uma área indígena, mas vieram até a a gente e acabou mais cedo, mas infelizmente acabou acontecendo algo muito difícil”, disse o influenciador em uma série de stories em sua página nas redes sociais.
“Quero dizer ao pessoal indígena que contem comigo. Infelizmente essa é uma situação muito difícil para o pessoal e para gente. É uma situação irreversível. Aconteceu longe do evento, mas aconteceu e merece justiça. O evento não teve nada a ver com isso. Aconteceu próximo, mas não foi dentro do evento”, completou Bell Cast.
Segundo testemunhas, o jovem e outros indígenas foram até o local onde estava sendo realizada a festa, pedir para o organizador diminuir o volume do som.
“Ontem a noite, estavam fazendo uma festa particular no território. E existe um regimento que diz que as festas não podem passar do horário e as lideranças que estavam perto pediram para parar o barulho e ele não voltou vivo para casa”, disse o cacique Syratã Pataxó.
Revoltados com o crime, na manhã desta segunda-feira, indígenas destruíram a cabana onde a festa foi realizada e fecharam a BR-367, entre Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. Um longo engarrafamento se formou na rodovia. A única ligação entre as duas cidades.
“Estamos reivindicando justiça foi uma vitima do nosso povo, sangue nosso derramado. Esperamos que a polícia chegue a pessoa que tirou a vida do nosso parente. Dentro do nosso território, não aceitamos isso”, afirmou o cacique Syratã Pataxó. Informações G1.
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