Vereadores reforçam movimento para Itabuna agilizar batalha contra Covid-19

Ganhou eco na Câmara de Itabuna na segunda-feira (20) a necessidade urgente de socorro aos pacientes infectados pelo novo coronavírus (Covid-19). Junto com a sociedade organizada, os vereadores questionaram ao secretário de Saúde, Uildson Nascimento, sobre o destino dos R$ 8,9 milhões vindos do Ministério da Saúde e quais as perspectivas de oferta de leitos de enfermaria e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na cidade. Afinal, é diário o avanço dos casos confirmados.

Segundo o presidente da Casa, Ricardo Xavier (Cidadania), o Legislativo pode fazer parte de um novo grupo para informar todos os dias sobre as providências que são tomadas contra a doença. “Há um sentimento geral na
cidade de que há um marasmo em relação à Prefeitura e à Secretaria de Saúde. Precisamos saber de forma clara e objetiva o que foi feito e o que poderá ser feito”, defendeu.

Especificamente sobre os R$ 8,9 milhões, o secretário explicou que, com conhecimento e sugestões já discutidas com o Ministério Público, pretende serem tomadas as seguintes providências: uma parte vai para usina de oxigênio no Hospital de Base (R$ 2 milhões); hotéis para acomodar profissionais de saúde da cidade (R$ 4 milhões), desinfecção de ruas e pontos de ônibus, trabalho de conscientização com carros de som e panfletos, entre outras ações.

Situação de hoje

Uildson Nascimento adiantou que, ainda naquela segunda, a Sesab (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia) confirmou a instalação de 10 leitos de UTI no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. A unidade já estaria com o espaço adaptado para o funcionamento dos equipamentos. Por ora, admitiu que estão disponíveis apenas 10 leitos no Hospital Calixto Midlej Filho (dos quais quatro estão ocupados) e mais 30 de enfermaria no mesmo local; há, também, 10 leitos de Terapia Intensiva e outros de enfermaria no Hospital Manoel Novaes, que é pediátrico.

Ele afirmou que o Ministério da Saúde orienta os pacientes com sintomas considerados leves a procurarem as unidades básicas de saúde. Quanto à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Monte Cristo, está  encarregada de fazer a triagem daqueles supostamente contaminados pelo coronavírus. Só lá, em caso de pessoas com falta de ar, é que ocorre a tal regulação para o Hospital Calixto Midlej.

Sociedade aflita

Enquanto o secretário mencionou diretrizes adotadas na secretaria municipal de Saúde, várias vozes expuseram o clamor da sociedade itabunense. O presidente da ACI (Associação Comercial e Empresarial de Itabuna), Sérgio Velanes, criticou a peleja judicial entre a Santa Casa e a Prefeitura, para cumprir a decisão judicial que determina o rateio e uso exclusivo de R$ 23 milhões para combate à Covid-19. “Precisamos dar uma pausa nas diferenças, a prioridade é pensar no vírus. O dinheiro que chegar dá pra salvar muitas vidas, a primeira coisa é a saúde já. Consideramos as ações lentas, é salutar acatar a sentença e preparar a rede hospitalar, esse vírus não espera semanas”, declarou.

À espera do plano

O secretário executivo da Amurc (Associação dos Municípios do Sul, Extremo-sul e Sudoeste da Bahia), Luciano Veiga, criticou as “idas e vindas” nos planos de atendimento à população e informou que há instituições dispostas a oferecer 30 respiradores. Mas só o farão caso seja apresentado um plano efetivo de contingência da Covid-19.
Os promotores Inocêncio de Carvalho e Renata Caldas, por sua vez, expuseram o olhar do Ministério Público sobre a busca de providências. “Estamos trabalhando desde o início de abril e constatamos que havia dificuldades.

A Prefeitura está tentando se adequar ao estado, mas ainda está tímida”, avaliou Dra. Renata. Ao que Dr. Inocêncio completou: “Não somos técnicos, somos gente! E não descartamos judicializar se o plano de contingenciamento não for cumprido”.

Encaminhamentos

Demais vereadores também reuniram queixas e o conjunto de sugestões, trazidas pela comunidade e pela Câmara, resultou nos seguintes encaminhamentos: comunicação diária da prestação de contas dos recursos gastos com o combate à pandemia; criação de um grupo/conselho envolvendo Legislativo, faculdades de medicina e entidades do município. “A sociedade exige um plano transparente, queremos que haja agilidade e que nos coloquem a par de qualquer dificuldade, para tentar ajudar como agentes políticos”, reforçou Ricardo Xavier.

A reunião contou, ainda, com a presença do presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Itabuna, Carlos Leahy; o representante da Santa Casa de Misericórdia, Adalberto Bezerra, nomes das unidades de saúde; Vigilância Epidemiológica; sindicatos e conselhos municipais. A maioria das manifestações deixou clara a angústia diante da escassez de alternativas de socorro diante de uma doença que pode matar as pessoas pela falta de um elemento essencial à vida: ar.