Quem já ouviu a expressão popular “a educação vem de berço”? Não é diferente quando o assunto é saúde, pois, aprendemos os princípios de uma vida saudável na infância, especialmente na hora de comer. É preciso incentivar desde cedo bons hábitos alimentares e conscientizar os pequeninos dos riscos de “cair de boca” sem pensar em salgados, doces e alimentos industrializados.
Por isso, todos devem refletir no dia 03 de junho, data escolhida pela o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil. Ao contrário do que muita gente pensa, a obesidade não acontece apenas por fator genético. O excesso de peso pode estar ligado a dois temas importantes: a má alimentação e a falta da prática de atividade física.
Ou seja, a obesidade e excesso de peso são resultados de uma associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
“É cultural as pessoas acharem que o bebê saudável precisa estar gordinho. Infelizmente, esse pode ser um indicativo de que no futuro essa criança terá sobrepeso ou que poderá desenvolver doenças crônicas como diabetes e hipertensão. A introdução alimentar em bebês, por exemplo, precisa respeitar a fome e saciedade da criança. Não devemos obrigar o bebê a comer mais do que ele quer no momento ou distrair ele com brincadeiras ou eletrônicos para o prato. Essas práticas estão totalmente defasadas”, afirma a nutricionista Luana Ferrari, especialista em introdução alimentar e nutrição infantil.
Outra questão importante abordada por Luana Ferrari é que pais que se alimentam mal, dificilmente conseguem incentivar bons hábitos: “A criança aprende pelo exemplo. Os adultos precisam entender que o comportamento deles é a maior fonte de aprendizado”, frisou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde a obesidade infantil é um dos problemas públicos de saúde mais graves do Século XXI.
Obesidade X COVID-19
Outro fator preocupante, que veio se somar a má alimentação e ao sedentarismo, é a pandemia do Coronavírus, que há mais de um ano tem prejudicado a rotina das famílias e favorecido o sedentarismo. Neste contexto, os cuidados com a saúde precisam ser constantes, pois a obesidade é um fator de risco caso haja infecção por Covid-19.
“A comida se tornou uma fonte de prazer ainda maior por conta da pandemia. Os pais veem os filhos tristes em casa e tentam compensar esse momento de dificuldade com um fast food ou um delivery. Isso não é um pecado, desde que se tenha equilíbrio! Vamos buscar a saúde durante a pandemia e o melhor meio para isso é a alimentação.
Nosso corpo precisa estar saudável para combater uma possível infecção por coronavírus.”, frisou Luana.
Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças acima do peso têm mais chances de se tornarem adultos obesos. A consequência disso é o aparecimento de diversas doenças, como diabetes, problemas ortopédicos, doenças cardiovasculares e hipertensão, sendo essa última o fator de risco principal para infarto e acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame. Além disso, as crianças acima do peso podem ser vítimas de bullying, tendo maior probabilidade de sofrer de isolamento social, depressão e baixa autoestima.
“A boa saúde está no respeito à fome e a saciedade da criança. É muito prejudicial essa cultura de que a criança deve raspar o prato e que ela vai ser castigada se não o fizer. Isso desregula a noção de saciedade, contribuindo para o sobrepeso. Eu sou fã do método BLW, que é um método de introdução alimentar que respeita o bebê.Nesse método, os pais são os responsáveis pela qualidade dos alimentos e o bebê é o responsável pela quantidade que lhe dá saciedade. A boa saúde não está no prato cheio e sim na qualidade dos alimentos”.
BLW é uma abordagem de introdução alimentar que engloba oferecer alimentos saudáveis, compartilhando as refeições da família, certificando-se de que apenas o bebê coloque comida em sua própria boca.
Mudanças que geram impacto “A obesidade é uma doença que leva a outras doenças que na vida adulta podem diminuir a expectativa de vida”, alertou Luana Ferrari. Pais e cuidadores têm papel fundamental na prevenção da obesidade infantil. Eles são os responsáveis por fornecer alimentos como frutas e vegetais, no lugar de alimentos ricos em açúcares e gorduras e certificando-se de que a água esteja sempre disponível como uma alternativa sem calorias às bebidas açucaradas, limitando a ingestão de sucos e refrigerantes.
“É preciso ter equilíbrio. O alimento é fonte de prazer e os doces, bolos, salgados estão aí! Precisamos saber dosar o consumo e garantir que a criança desenvolva bons hábitos a maior parte do tempo”. Por fim, Luana Ferrari deixa um alerta às famílias: “Mesmo crianças magras podem ter problemas de saúde por conta dessa má alimentação, carente de nutrientes importantes. A magreza por si só não é um sinal de saúde, assim como, o excesso de peso é definido como doença”, revelou a nutricionista. É importante também que os pais estimulem a realização de atividade física pela criança e as brincadeiras, limitando o uso de dispositivos eletrônicos.
Informações: Ministério da Saúde. Luana Ferrari – Nutricionista, especialista em introdução alimentar e nutrição infantil.