Além de colaborar com o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, a teleconsulta cumpre outros papeis
Respaldados pelo Projeto de Lei nº 696/20, que autoriza a Telemedicina enquanto durar a crise causada pela Covid-19, médicos baianos de diversas especialidades estão realizando atendimentos à distância através de plataformas digitais. Além de colaborar para a manutenção do isolamento social imposto pela pandemia, as teleconsultas dão respaldo às condutas terapêuticas que devem ser adotadas em casa e reduzem a ansiedade dos pacientes, não só dos infectados pela Covid-19 que estão em quarentena domiciliar, mas também daqueles acometidos por outras doenças.
As teleconsultas incluem anamnese (conhecimento da história clínica do paciente), diagnóstico, prescrição e orientações. Segundo o urologista Nilo Jorge Leão, coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR), a telemedicina é uma ferramenta muito importante. “Ela já era usada há muito tempo, porém de forma irregular, já que muitos médicos já vinham orientando pacientes através do telefone e plataformas digitais. A falta de regulamentação era perigosa porque não havia rigor para controle de registro de prontuário, entre outras falhas. Diante da necessidade, porém, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e o Cremeb (Conselho Regional de Medicina da Bahia) estão trabalhando para regulamentar a pauta. A Resolução mais recente do CFM sobre o tema (a de nº 2.227/2018), que define critérios para prática da telemedicina no país, foi revogada em fevereiro deste ano, motivo pelo qual foi necessário, diante do cenário de pandemia, a elaboração do PL que autoriza a telemedicina durante a crise.
Em sua primeira semana de teleconsultas, Nilo Jorge Leão atendeu 10 pacientes à distância. Alguns com infecções ativas e que precisavam de orientação para o tratamento e outros que já tinham diagnóstico prévio de câncer, mas queriam orientação sobre se poderiam ser operados ou deveriam esperar. “Para responder a esses, nos baseamos na seguinte orientação geral: a internação, realização da cirurgia, possíveis complicações e prolongamento da internação aumentam a exposição e o risco de contrair o coronavírus. Por isso, estamos tendo o cuidado de só submeter à cirurgia os casos realmente necessários. O adiamento de cirurgias também cumpre, neste momento, o objetivo de liberar leitos para quando o número de casos da Covid-19 aumentar em nosso estado”, resumiu o médico.
Teleconsultas – As consultas do urologista por vídeo são feitas através da plataforma escolhida pelo paciente – além do WhatsApp, algumas outras opções são facetime e zoom. “Antes da consulta online, todos os exames já realizados são enviados eletronicamente. Após avaliá-los, converso com o paciente olho no olho. Embora a realização de exame físico completo não seja possível, quando identifico a necessidade de visualizar uma lesão no pênis, por exemplo, é possível fazer isso por chamada de vídeo. Tudo é registrado no prontuário eletrônico, que já é a nossa rotina do dia a dia. Além disso, as receitas são assinadas digitalmente e enviadas para o paciente”, destacou.
Menos ansiedade, mais tranquilidade – Ao garantir a integridade, a segurança e o sigilo dos dados clínicos necessários para a boa condução de cada caso e transmitir ao paciente as orientações que ele precisa no momento, a telemedicina reduz sua ansiedade. “Uma teleconsulta pode acalmar quem está com suspeita de alguma neoplasia urológica, infecções, incontinência ou cálculos urinários, por exemplo. Nesses casos, nada impede que a consulta inicial para triagem e avaliação preliminar seja realizada à distância, com toda a comodidade e segurança. Durante a pandemia, o exame físico deve ser realizado em consulta presencial apenas nos casos em que ela for fundamental para determinar a melhor conduta terapêutica”, explicou Nilo Jorge Leão .